Eu te fiz profeta das Nações

Celebramos neste domingo, o quarto domingo do tempo comum e estamos caminhando nessa primeira parte do tempo comum que vai até a terça-feira antes da quaresma. Chegamos ao final do mês de janeiro com tantas realizações e caminhadas, mas ainda temos a oportunidade de fazermos um ano bom para nós e para aqueles que nos cercam. É sempre tempo de construir comunhão na família, na comunidade, na paróquia e na Igreja Arquidiocesana! Liturgicamente, ainda temos muito o que celebrar durante esse ano e contamos com a ajuda de todo o povo de Deus, as famílias se reunirem em torno do altar para celebrar e agradecer ao Deus da vida, particularmente, neste tempo de Sínodo.

O evangelho deste domingo é a continuação da semana passada, onde Jesus termina de ler o trecho do livro do profeta Isaías e assume para Ele como seu programa de vida. As pessoas começam a se perguntar entre si sobre quem era Jesus e a capacidade que tinha de ensinar. Nunca duvidemos de nossa capacidade ou da capacidade dos outros, pois Deus nos capacita e nos prepara para anunciarmos o Evangelho, para sermos profetas nos dias de hoje. Deus nos prepara desde o nosso batismo e, através do Espírito Santo, somos chamados a ser sacerdotes, profetas e reis.

O tempo comum é um tempo marcado pela esperança e pelo anúncio do Reino de Deus. Somos chamados a anunciar esse reino de Deus a todos. Um reino de justiça, paz, amor e perdão. Ao anunciarmos esse reino, seremos profetas nos dias de hoje. Não tenhamos medo de anunciar a fé nos dias de hoje, ainda mais que atualmente se torna cada vez mais urgente.

Na primeira leitura da missa deste domingo (Jr 1, 4-5.17 – 19) ouvimos que a palavra do Senhor foi dirigida ao profeta, dizendo que desde o ventre materno, Deus o escolheu e o preparou para anunciar a Palavra de Deus as nações. A marca do profeta é não ter medo de anunciar a verdade. O profeta anuncia a justiça e denuncia as injustiças. O Senhor o preparou e o fortaleceu para que não fosse derrotado. Da mesma forma nós hoje, somos preparados pelo Senhor desde o ventre de nossa mãe para sermos profetas da verdade e do amor. As pessoas estão sedentas da Palavra de Deus, temos que levar a Palavra a essas pessoas.

O salmo responsorial é o 70 (71). O refrão do salmo segue a linha da primeira leitura e de toda a liturgia de hoje. O Senhor nos chama para a vida inteira anunciarmos a sua palavra e as graças incontáveis que Deus nos concede. A dizer para aqueles que estão vacilantes na fé: “Deus é bom o tempo todo, todo o tempo Deus é bom”.

A segunda leitura da missa é da primeira carta de São Paulo aos Coríntios (1 Cor 12, 31 -13, 13): Paulo diz que devemos aspirar os dons mais elevados, mas não devemos nos esquecer da caridade, podemos exercer o ministério mais elevado na Igreja, mas se não formos caridosos de nada adianta. Tudo pode desaparecer, a profecia, os ministérios, mas a caridade não acabará nunca.

O evangelho deste domingo (Lc 4, 21 -30) é a continuação do evangelho da semana passada. Jesus termina de ler o trecho do livro do profeta Isaías que fala a respeito D’Ele, e que se refere ao seu programa de vida. Jesus põe em prática durante a sua vida, tudo aquilo que Ele acabou de ler.

As pessoas na sinagoga tinham os olhos “fixos” em Jesus, mas começaram a se perguntar entre si, quem era Jesus e de onde Ele veio. Pondo em dúvida a sua sabedoria e seus ensinamentos. Mas como disse o profeta Jeremias na primeira leitura, Deus nos prepara desde o ventre materno para anunciarmos a sua Palavra, e com certeza preparou o seu filho Jesus e o consagrou por meio do batismo.

Com isso, Jesus não pôde fazer ali, em sua terra natal muitos milagres, teve que se retirar e ir a outros lugares, como ele mesmo diz: “Em verdade eu vos digo que nenhum profeta é bem recebido em sua pátria” (4, 24). Israel não soube receber bem o seu profeta, o desprezaram e assim ele teve que se retirar. “Se calarem a voz dos profetas, as pedras falarão”.

Sejamos profetas nos dias de hoje, não tenhamos medo de anunciar a Palavra de Deus. Ele nos escolheu desde o ventre materno e nos consagrou por meio do nosso batismo. Sejamos anunciadores da palavra em nossa comunidade paroquial, como catequistas, ministros, leitores, músicos, enfim. Aspiremos os dons mais elevados, não esquecendo nunca da caridade.

A caridade é benigna é compassiva, tudo passa, mas a caridade permanece. Nesse ano de 2022, terceiro da pandemia da Covid-19, sejamos caridosos uns com os outros, estendendo a mão para aqueles que mais precisam. Nós sabemos que Jesus é o profeta, o filho de Deus. Ouçamos a sua palavra em nosso coração.

 

Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

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