Exposição no Museu Arquidiocesano de Arte Sacra recorda o Congresso Eucarístico Nacional de 1922

Uma exposição no Museu Arquidiocesano de Arte Sacra, situado no subsolo da Catedral de São Sebastião, no Centro, recorda o Congresso Eucarístico Nacional de 1922, realizado no Rio de Janeiro, em comemoração ao centenário da Independência, sob a direção do então arcebispo coadjutor, Dom Sebastião Leme.

A exposição, que faz parte da programação do Congresso Eucarístico do Centenário e também em comemoração ao bicentenário da Independência, foi aberta no dia 2 de setembro pelo arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, que convocou o evento por meio da Carta Pastoral “Um só coração e uma só alma para que todos sejam um!” (cf. At 4,32; Jo 17,20), assinada e publicada na Festa de Corpus Christi, no último dia 16 de junho.

“Estamos celebrando o jubileu do centenário do Congresso Eucarístico, no Rio de Janeiro, o primeiro a ser realizado no Brasil em comemoração à Independência. É muito importante celebrar e fazer memória da história por meio de documentos, reportagens, fotos e objetos da época, mas também de ver os passos dados durante a caminhada e quais são as propostas para o futuro”, disse Dom Orani, na abertura da exposição.

Na cerimônia de abertura da exposição, o Museu Arquidiocesano de Arte Sacra estava representado pelo diretor e pároco da Catedral, cônego Cláudio dos Santos, pelo diretor artístico, padre Vanderson de Oliveira, e pelas museólogas Marli Assis Martins e Maria de Fátima Carazza de Faria.

“O Congresso Eucarístico do Centenário, do qual a exposição faz parte, é uma ocasião para manifestar nossa fé na presença real de Cristo na Eucaristia e de sermos, neste tempo, homens e mulheres eucarísticos para a transformação do mundo. Ainda mais, de mostrar e proporcionar ao povo de Deus que a Igreja caminha e está presente em cada momento histórico do nosso país”, disse o cônego Cláudio dos Santos.

Entre os convidados, estava a representante da Família Real portuguesa, Christine de Orleans e Bragança, o vigário episcopal do Vicariato Norte, cônego Aldo de Souto Santos, e da Comissão de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural da arquidiocese, o curador, padre Silmar Alves Fernandes, e a secretária executiva, Daisy Gil Ketzer.

 

Relíquias do Congresso

A exposição, que recebeu o apoio do Arquivo da Cúria, do Cabido Metropolitano, do Seminário São José, da Igreja São Francisco de Paula e de colaboradores, consiste de documentos, fotos, jornais, livros, cópias das atas originais da Independência e objetos que fazem memória ao Congresso Eucarístico de 1922, que teve grande repercussão na cidade e no país.

Os recortes do jornal “A Cruz”, de janeiro a dezembro de 1922, revelam a grandiosidade do evento, que reuniu bispos e fiéis de todo o Brasil. Estão expostas fotos da comissão organizadora, dos congressistas e dos principais eventos, publicadas em uma obra comemorativa, que também registra a carta de Pio XI e as cartas circulares de Dom Sebastião Leme.

Uma das imagens que poucas pessoas conhecem é de uma pintura da procissão e da bênção do final do Congresso retratada na parede do Palácio São Joaquim, na Glória, a residência dos arcebispos, e que também faz parte da exposição.

 

Trono do imperador

A museóloga Marli Assis Martins observou que a exposição traz, entre as várias relíquias, o trono de D. Pedro II, uma medalha comemorativa do Congresso e um cálice, acompanhado de patena, que foi confeccionado especialmente para o evento, e conforme consta na base, doado por um grupo de senhoras católicas da sociedade carioca.

“O trono do imperador D. Pedro II, que faz parte do acervo do museu, foi restaurado por Cláudio Ferreira em vista do Congresso Eucarístico do Centenário. O objeto não fez parte do Congresso, nem da Independência, mas é um elemento emotivo, porque faz ligação com a monarquia. Ele foi usado em momentos importantes na vida da Arquidiocese do Rio de Janeiro, de maneira especial, no 36º Congresso Eucarístico Internacional, realizado em 1955, e pelo Papa São João Paulo II, na Catedral de São Sebastião, em 1980, por ocasião de sua primeira visita ao Brasil”, contou.

Ainda não foram encontrados documentos, explicou Marli Assis Martins, que comprovam o lugar específico em que o trono era usado por D. Pedro II, porém, muitos pesquisadores afirmam que ele ficava no Paço Imperial.

“Quando houve a Proclamação da República, os militares destruíram tudo o que remetesse à memória da monarquia. O trono, para ser salvo, ficou sob os cuidados das monjas do Convento da Ajuda, que ficava onde hoje é a Cinelândia. Para evitar qualquer indício da monarquia, as religiosas retiraram a sigla PII e no lugar bordaram o símbolo do Espírito Santo. O objeto, provavelmente, foi resguardado por elas por muito tempo, mesmo após a transferência da sede do convento, em 1911, para Vila Isabel, onde estão até hoje.

 

Exposição

A exposição do Congresso Eucarístico do Centenário é temporária e vai até o dia 2 de novembro.

O Museu Arquidiocesano de Arte Sacra funciona no subsolo da Catedral de São Sebastião, situado na Avenida Chile, 245, no Centro. O museu funciona de terça-feira a sexta-feira, das 9h às 16h, aos sábados, das 9h às 12h, e aos domingos, das 10h às 13h. Os ingressos custam R$ 8 inteira e para os maiores de 60 anos ou estudantes, R$ 4. As caravanas de grupos paroquiais ou de escolas podem ser agendadas na própria Catedral pelo telefone: 2240-2669.

 

Carlos Moioli

 

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