Monsenhor José Maria Vasconcellos: uma vida dedicada ao povo de Deus

No dia 27 de setembro, um dia antes de completar 95 anos de idade, faleceu o monsenhor José Maria de Oliveira Vasconcellos, que há 12 anos exercia seu ministério como vigário paroquial da Paróquia da Ressurreição, no bairro de Copacabana. Seu corpo foi velado na matriz, onde foram celebradas quatro missas de corpo presente e as exéquias presididas pelo Cardeal Orani João Tempesta. A missa foi concelebrada pelo bispo auxiliar e animador do Vicariato Sul, Dom Antonio Augusto Dias Duarte, pelo pároco da Ressurreição, padre Ionaldo Pereira da Silva e diversos outros sacerdotes, entre eles, párocos de paróquias que monsenhor José Maria serviu.

Dom Orani lembrou durante a celebração que quase toda a vida do monsenhor Vasconcellos foi dedicada à Igreja, já que ele ingressou no seminário menor com 11 anos de idade, portanto, há 84 anos.

“Nos encontros que tive com o monsenhor Vasconcellos era alguém que passava a vida no encontro com o Senhor e na certeza de que estava servindo a Deus com os irmãos. Mesmo no final de sua vida, já com a idade avançada e a saúde debilitada, ele atendia as pessoas nas confissões e celebrava a Eucaristia, e soube levar até o fim uma vida de homem de fé”, disse o arcebispo.

Além da comunidade paroquial, a Paróquia da Ressurreição recebeu um número grande de seminaristas que foram agradecer o serviço dele no Seminário Arquidiocesano de São José, já que foi prefeito e diretor espiritual do seminário de 1952 a 1955, e depois reitor de 1983 a 1993.

Tão logo soube de seu falecimento, o reitor, cônego Leandro Câmara, divulgou um texto destacando o seu serviço ao seminário: “Lamentamos profundamente a partida deste servo que tanto bem fez à arquidiocese, em particular pela colaboração na formação dos presbíteros, sendo reitor do nosso seminário”.

Dom Orani ainda destacou, na celebração das exéquias, que agora monsenhor Vasconcellos vai poder experimentar as alegrias eternas, do amor de Deus, um homem que teve a alegria no coração de servir a Deus no seu dia a dia. O arcebispo pediu, ainda, que do céu monsenhor Vasconcellos “reze por todos para continuar perseverantes na fé”, e neste mundo confuso de hoje “jamais percamos o centro de nossa fé, que é Jesus Cristo”.

Dom Antonio Augusto destacou o serviço de monsenhor Vasconcellos no Vicariato Sul. “Sendo bispo responsável pelo vicariato, quero agradecer a Deus por ter enviado várias vezes o monsenhor neste vicariato, vivendo o seu sacerdócio e sendo um exemplo para todos os demais sacerdotes. Eu imagino que no momento de sua morte e no encontro com Deus, o monsenhor deve ter falado uma frase que várias vezes disse em sua vida: Eis-me aqui, por que me chamaste?”.

Padre Ionaldo Pereira agradeceu os 12 anos do monsenhor José Maria Vasconcellos na Paróquia da Ressurreição, quando foi recebido pelo monsenhor José Roberto Devellard, em 2010. “Em nome de toda a comunidade da Paróquia da Ressurreição, agradeço ao serviço, a dedicação e ao empenho do monsenhor Vasconcellos. Eu sempre atendia a sua confissão na casa paroquial. Um dia, ouvi uma conversa que ele teve com o padre Mário França Miranda, quando falou que se não fosse a misericórdia de Deus, não sabia o que seria de sua vida”.

Monsenhor André Sampaio lembrou os tempos em que convivia com ele no seminário. “Recordo-o como um reitor tranquilo e de palavras objetivas e serenas. Nunca o vi alçar a voz, mas imprimia respeito e ordem numa casa repleta de seminaristas oriundos de todo o Brasil. Aprendi muito com ele nos primeiros anos de propedêutico e de seminário, sobretudo pela dinâmica que ele imprimia na preocupação com a direção espiritual, a vida litúrgica e pastoral”.

Monsenhor Sampaio lembrou, ainda, que o próprio monsenhor Vasconcellos ensinava que a morte é uma realidade vigorosa, uma realidade que nos desperta, nos obriga a tomar consciência de nossos valores mais profundos, uma realidade que nos convida a criar, pensar, procurar um sentido para a própria vida. E para aqueles que creem, a vida não nos é tirada, mas transformada.

Para o padre Nixon Bezerra de Brito, pároco da Paróquia Bom Jesus do Monte, na Ilha de Paquetá, que conviveu com o monsenhor Vasconcellos durante dois anos no Seminário São José, ele era um homem bondoso, sempre preocupado com todos, e uma de suas características era ajudar quem nada tinha. Ele tinha uma preocupação com os empregados do seminário, estava sempre atento às  necessidades deles e se estavam passando por dificuldades. “Eu exalto a figura desse ser humano, desse homem de Deus, que sempre procurava fazer o bem. Era o ouvido de Deus, a misericórdia de Deus atendendo às confissões”.

Uma marca em sua vida foi sempre sua devoção mariana. Na missa de ação de graças pelos seus 69 anos de sacerdócio, ele disse que depositava em Maria o seu presente e o seu futuro. “Tenho o nome de Maria no meu nome, e eu a honro com minha devoção. Tudo devo a ela, porque ela sempre me acompanha e me protege. Acompanhou minha vocação e sempre protegeu meu sacerdócio. Deposito em Maria meu presente e meu futuro. A ela, meu respeito, minha esperança”.

No final das exéquias, Dom Orani pediu aos párocos de todas as paróquias por onde ele serviu que celebrassem a Missa de Sétimo Dia. Seu corpo foi levado para o Cemitério São Francisco Xavier, no Caju, onde foi enterrado na quadra dos padres.

 

Missão na arquidiocese e nas comunidades

Monsenhor José Maria Vasconcellos entrou no seminário menor, do Seminário São José, em 1938, onde estudou até 1945. Depois, foi para Roma estudar filosofia e teologia, e foi lá que ele foi ordenado diácono, no dia 3 de novembro de 1951, e sacerdote, em 8 de março de 1952. Ao retornar ao Rio de Janeiro, ele passou por várias comunidades. Foi vigário cooperador da Paróquia São Cosme e São Damião, no Andaraí (1956), e pároco das paróquias Santa Luzia, em Honório Gurgel (1957 a 1959), Santa Rosa de Lima, no Jardim América (1960 e 1961), São Geraldo, em Olaria (1962 a 1965), Salvador do Mundo, em Guaratiba (1965 a 1973), Nossa Senhora da Glória, em Laranjeiras (1973), São Bartolomeu, no Itanhangá (1989), e São Judas Tadeu, no Cosme Velho (1994). Também foi capelão das religiosas da Ordem da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo, na comunidade do Convento de Santa Teresa, em 2004, e vigário paroquial na Paróquia da Ressurreição, desde 2010.

 

Carlos Eduardo Bittencourt

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