Celebramos no dia 15 de agosto a memória litúrgica de São Tarcísio, patrono de todos os coroinhas, acólitos e cerimoniários. O mês de agosto é um mês muito especial para a Igreja, no qual recordamos diversos santos e vocações. No primeiro domingo do mês, recordamos a vocação ao ministério ordenado e o Dia do Padre, no segundo domingo, a vocação ao matrimônio e o início da Semana Nacional da Família, na terceira semana, a vocação à vida consagrada e religiosa e, por fim, a vocação ao ministério e serviço laical e o Dia Nacional dos Catequistas.
Recordamos ainda no dia 10 de agosto a vocação diaconal, com a celebração do Dia de São Lourenço, e no dia 15 de agosto, recordamos a vocação de coroinhas, acólitos e cerimoniários e a memória litúrgica de São Tarcísio. Louvemos e agradeçamos a Deus o serviço dos coroinhas, cerimoniários e acólitos em nossas paróquias. É muito bonito chegar nas diversas paróquias e ver os meninos e meninas auxiliando no serviço do altar.
O serviço de coroinhas, acólitos e cerimoniários é tão salutar que muitos padres ou religiosas tiveram o seu despertar vocacional a partir do serviço no altar. Ao estarem mais próximos do altar, ao verem o sacerdote celebrar a missa, e ao entenderem melhor o mistério que está sendo celebrado, aumenta o desejo de servir ao Senhor de outra maneira.
Por isso, se na sua paróquia ainda não tem a pastoral dos coroinhas, acólitos e cerimoniários, converse com seu pároco para que, imediatamente, instaure essa pastoral. Algum catequista, ou liturgista pode dar a formação de preparação para eles, e depois de um tempo de formação e ensaio, escolher uma missa dominical para a investidura dos novos coroinhas. Pode até começar com poucos, mas um vai falando para o outro e logo esse número aumentará, e quem sabe muitas vocações possam surgir a parir desse serviço pastoral.
A vocação para ser coroinha surge no seio da família, por isso, é importante a família ir à missa com os seus filhos desde pequenos, pois vão tomando gosto e se interessando pela celebração da missa e por tudo que a envolve. A criança querendo ser coroinha, os pais devem incentivar para que seja, pois é um ministério muito bonito dentro da Igreja.
E ainda, os coroinhas e servidores do altar de hoje podem despertar para outras vocações dentro da Igreja que não necessariamente o ministério ordenado ou consagrado, podem, por exemplo, ser bons pais de família e atuarem como catequistas, coordenadores de grupo de jovens, ministros extraordinários da Sagrada Comunhão, e ainda no ministério de música. Enfim, tudo começa pela pastoral dos coroinhas, o amor pela Igreja começa a partir dessa pastoral.
São Tarcísio é o patrono de todos os coroinhas, cerimoniários e acólitos, tanto que em diversas paróquias o grupo de coroinhas recebe o título de São Tarcísio, por ter o santo como padroeiro. E ainda, em algumas paróquias os novos coroinhas são investidos no dia dele, ou próximo da data. Os coroinhas, cerimoniários e acólitos devem guardar a fé e ter amor pela Igreja do mesmo modo que São Tarcísio. Devem cuidar para seguir retamente no caminho de Deus, cuidar de suas vestimentas e ter um comportamento adequado na Igreja e fora dela.
Os coroinhas, cerimoniários e acólitos devem ter fé, acreditar em Deus, em Nossa Senhora e, claro, em Jesus Eucarístico. Devem acreditar que pelo poder da fé tudo se transforma, e que está ali atendendo o chamado feito por Jesus. O coroinha também não deve se achar melhor do que os outros que não são, deve servir ao seu ministério de forma gratuita e com alegria.
São Tarcísio foi um mártir da Igreja dos primeiros séculos da era cristã, como já foi dito, ele morreu defendendo a fé em Cristo e na Igreja, do mesmo modo que muitos mártires dos primeiros séculos da era cristã. Ele foi vítima de perseguição do Império Romano mediada pelo imperador Valeriano.
Tarcísio residia em Roma, na Itália. A Igreja de Roma contava com 50 sacerdotes, sete diáconos e mais ou menos 50 mil fiéis no centro da Cidade Imperial. Ele era um dos integrantes dessa Igreja localizada em Roma, quase toda dizimada por causa da fúria do imperador.
Tarcísio era acólito do Papa Sisto II, servindo ao altar e acompanhando o Santo Padre nas celebrações eucarísticas. Durante o período das perseguições aos cristãos, eles eram presos, processados e condenados a morrer pelo martírio. Na prisão eles desejavam receber, nem que fosse pela última vez, a Eucaristia. Mas, isso era impossível, pois os guardas não deixavam ninguém passar. Em uma das tentativas, dois diáconos reconhecidos como cristãos: Felicíssimo e Agapito foram sacrificados. O Papa Sisto II desejava levar a comunhão a mais um grupo de mártires que esperavam a execução, mas não sabia como.
Tarcísio toma a iniciativa e pede ao Santo Padre a permissão para que ele possa tentar, pois não entregaria as hóstias a nenhum pagão. Ele tinha 12 anos de idade, o Papa sensibilizado com o pedido de Tarcísio concedeu a permissão para que ele fosse, colocou as hóstias em uma caixinha de prata e as abençoou. Mas, Tarcísio não conseguiu chegar à cadeia, foi identificado como cristão, e como se recusou a entregar o que portava, foi abatido e apedrejado até morrer. Depois de morto, foi revistado e nada acharam do sacramento de Cristo. Seu corpo foi recolhido por um soldado, simpatizante dos cristãos, que o levou às catacumbas, onde foi sepultado.
Tarcísio foi, primeiramente, sepultado, junto com o Papa Stefano, nas catacumbas de Calisto, em Roma. No ano 767, o Papa Paulo I determinou que seu corpo fosse transferido para o Vaticano, para a Basílica de São Silvestre, e colocado ao lado dos outros mártires. Mas em 1596, seu corpo foi transferido e colocado definitivamente embaixo do altar principal daquela mesma basílica.
Celebremos com alegria a memória litúrgica de São Tarcísio e rezemos por todos os coroinhas, cerimoniários e acólitos, e por todos os servidores do altar. Que essas crianças e jovens tenham no coração o mesmo amor e respeito que São Tarcísio tinha pelas coisas de Deus. Que a Virgem da Assunção ilumine todos os servidores do altar, nesse dia também dedicado a ela.
São Tarcísio, rogai por nós.
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ