O Santuário Cristo Redentor, no Corcovado, acolheu, na manhã do dia 29 de dezembro, diretores, servidores e 15 socioeducandos do Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase) para missa de Natal, presidida pelo arcebispo metropolitano, Cardeal Orani João Tempesta.
“O trabalho da Igreja Católica nas unidades do Degase é muito antigo. A presença e a missão de nossos agentes de pastoral por meio da assistência religiosa ajudam os adolescentes e os jovens no processo de ressocialização, de terem uma nova vida pautada nos valores humanos e cristãos. Ao receber alguns deles no Santuário Cristo Redentor, por ocasião deste final de ano, tempo de Natal e Ano Novo, é uma maneira de dizer aos socioeducandos que eles são amados por Deus e que todos nós desejamos e temos esperança em tempos melhores”, destacou Dom Orani.
A missa foi concelebrada pelos assistentes eclesiásticos da Pastoral do Menor, padre Gilvan André da Silva e o adjunto, padre Charles Fernando Gomes, pelo assistente eclesiástico do Centro de Socioeducação Dom Bosco e Escola João Luiz Alves, na Ilha do Governador, padre Roberto José dos Santos, e pelo vigário paroquial da Paróquia São José, na Lagoa, padre João Damasceno Furtado Câmara.
“A manhã do dia 29 de dezembro foi um marco para Pastoral do Menor da Arquidiocese do Rio de Janeiro no que tange as ações com os socioeducandos e parceiros do Degase. Foi uma forma de reafirmarmos e vivenciarmos as premissas do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em especial, o artigo 124. Agradeço o Santuário Cristo Redentor pela recepção, acolhida e os brindes para os partícipes da solenidade”, disse a coordenadora social da Pastoral do Menor, Geovana Silva.
O Degase é o órgão do governo do Estado do Rio de Janeiro responsável por promover a socioeducação, executando as medidas judiciais de privação e restrição de liberdade, com a responsabilidade de acautelar, atender e acompanhar os adolescentes autores de ato infracional, em conformidade com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e a Constituição Federal.
Entre os servidores do Degase estavam presentes o diretor geral, Victor Hugo Poubel, os diretores adjuntos do Centro de Socioeducação Dom Bosco, Felipe Rocha dos Santos e Julio Cesar de Oliveira, os diretores adjuntos da Escola João Luiz Alves, Carlos Raymundo dos Santos Demétrio e Rodrigo da Rocha Peres Garcia, e a diretora do Centro de Socioeducação Professor Antônio Carlos Gomes da Costa, Rejane da Silva Dias do Santos.
“Tenho certeza que é um dia promissor para a socioeducação. A maioria destes jovens não conhecem o Cristo Redentor, e apresentá-los o primeiro santuário a céu aberto do mundo é uma bênção e irá alicerçar novos valores para cada um. Essa celebração simboliza a paz social e o respeito que todos devemos ter uns com os outros numa sociedade que almejamos harmônica e civilizada”, afirmou o diretor geral, Victor Poubel.
Em entrevista concedida ao jornal “Testemunho de Fé”, o assistente eclesiástico adjunto da Pastoral do Menor, padre Charles Fernando Gomes, explicou sobre a importância, experiência e ganhos espirituais da celebração da missa de Natal aos pés do Cristo Redentor.
TF – O que é o Degase?
Padre Charles Fernando – O Degase nasceu como uma proposta de ressocialização dos adolescentes e jovens que por algum ato infracionário são privados à liberdade. O processo de ressocialização é regido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Eles cumprem penas por atos infracionários que tenham cometido, mas não são considerados presos, apenas privados de liberdade e vivem num ambiente que tem uma estrutura escolar, de formação e de ressocialização.
TF – Quem são os sacerdotes que atualmente trabalham na assistência religiosa dos adolescentes e jovens privados de liberdade?
Padre Charles Fernando – Os socioeducandos tem o direito, como prevê o ECA, de receber assistência religiosa. Junto com outras denominações religiosas, a Igreja Católica atua nesta dimensão desde o início, há quase 30 anos. Como pioneiro, recordamos o trabalho do padre Bruno Trombeta, seguido por outros bons e dedicados clérigos: monsenhor Manuel Manangão, Dom Dimas Lara Barbosa, padre Geovane Ferreira Silva e cônego Aldo de Souto Santos. Atualmente, o trabalho é realizado pelos padres Gilvan André, Roberto dos Santos e por mim como assistente eclesiástico adjunto da Pastoral do Menor.
TF – As celebrações natalinas acontecem todos os anos?
Padre Charles Fernando – Todos os anos, por ocasião das datas marcantes da nossa fé, como a Páscoa e o Natal, e, nos últimos anos, por ocasião da Trezena do padroeiro São Sebastião, organizamos celebrações especiais nas unidades do Degase. As celebrações são presididas por Dom Orani, bispos auxiliares, por nós vinculados à Pastoral do Menor e por sacerdotes convidados. A missa de Natal deste ano foi marcante, de grande magnitude. Que eu tenha conhecimento foi a primeira vez que aconteceu na história da Pastoral do Menor ou do Degase. Presidida pelo nosso arcebispo, a missa contou com a presença de 15 adolescentes, representando os demais assistidos nas unidades do Degase.
TF – Como foi a experiência de celebrar o Natal aos pés do Cristo Redentor?
Padre Charles Fernando – A missa de Natal deste ano foi um divisor de águas, inédita e emocionante. Nosso pedido de celebrar no Santuário Cristo Redentor foi, de imediato, acolhido pelo reitor, padre Omar Raposo, e também por Dom Orani, que se prontificou em presidir a missa, na qual manifestou sua alegria pela iniciativa. O diretor geral do Degase, Victor Poubel, ficou emocionado com a celebração, como também, dos demais presentes. Acredito que os socioeducandos ficaram felizes com a experiência, a possibilidade e a oportunidade de conhecer o Cristo Redentor, uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno. Com a celebração, fez valer o que determina o ECA e a proposta do Degase, como um ato e espaço de ressocialização. Neste processo de ressocialização, a religião é fundamental e ajuda a acelerar e até tornar-se eficaz.
TF – A religião é importante no processo de ressocialização?
Padre Charles Fernando – Sim, faz parte. Na sua missão, a Igreja educa na fé e ajuda a formar bons cidadãos, que depois por meio de suas atividades, serão protagonistas na construção de um mundo melhor. Foi um sonho de Deus celebrar o Natal no Cristo Redentor. Para nós, o ápice da fé cristã é a missa, a Eucaristia. Foi muito bom ver todos juntos celebrando o Natal do Senhor.
TF – Como avalia a celebração da primeira missa no Cristo Redentor com a presença dos socioeducandos?
Padre Charles Fernando – No alto do Corcovado, contemplando o Cristo de braços abertos, todos nós nos sentimos amados e acolhidos por Deus. Certamente, a experiência será partilhada pelos socioeducandos com seus familiares e pessoas que convivem. Penso que houve ganhos espirituais que não conseguimos medir, e deverão abrir horizontes. O espaço nos recorda a fé cristã, que marca a história do nosso país e está enraizada na vida do povo, de nossos pais e avós.
Carlos Moioli
