Solenidade de Todos os Santos

“Alegrai -vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus” (Mt 5, 12)

 

Celebramos no primeiro domingo de novembro a Solenidade de Todos os Santos. Por razões pastorais, no Brasil ela é transferida do dia 1º de novembro. A Igreja sabiamente transfere essa solenidade para o domingo para que todos os fiéis possam participar mais ativamente da celebração. Nesse domingo somos convidados a nos voltar para a Igreja celeste, pedir a intercessão de todos os santos e desejar que um dia possamos estar contemplando o rosto de Jesus face a face, do mesmo modo que todos os santos.

A Igreja acredita na intercessão de todos os santos por cada um de nós, pois intercedem por nós junto a Deus. E, ao contrário do que algumas pessoas dizem, sobretudo de outras religiões, nós não adoramos imagens, mas veneramos, respeitamos e o milagre vem de Deus. Eles intercedem por nós.

O Céu deveria ser a meta de cada um de nós, por isso a Solenidade de Todos os Santos é celebrada logo após o Dia de Finados. Somos convidados a vivenciar o Reino de Deus aqui na terra para contemplá-lo de maneira definitiva no Céu. Inclusive é por isso que o Evangelho dessa solenidade é sobre as bem-aventuranças, pois os bem-aventurados herdarão o Reino dos Céus. Cada um de nós, a partir do batismo, somos chamados a ser bem-aventurados e a edificar o Reino de Deus aqui na terra.

Nesta Celebração Eucarística peçamos ao Senhor para ser merecedores da vida eterna, a exemplo dos demais santos que estamos celebrando hoje. Cada um de nós é chamado a viver a santidade e a herdar o Reino dos Céus.

A primeira leitura da missa dessa solenidade é do Livro do Apocalipse de São João (Ap 7, 2-4.9-14). Essa leitura remete ao que acontecerá no fim dos tempos, fala dos 144 mil que serão salvos, que vieram da grande tribulação. São povos que vieram de todos os cantos da terra. O número 144 mil é simbólico, pois o que a leitura quer nos passar é que a salvação de Deus é para todos os povos. Se multiplicarmos 12 vezes 12, o resultado será 144. Esses números 12 representam as 12 tribos de Israel e os 12 apóstolos. Tanto as 12 tribos de Israel, como os 12 apóstolos representam a humanidade inteira.

Deus julgará toda a humanidade, e cada um de nós será julgado segundo as suas atitudes e o quanto foi capaz de amar o seu próximo. Vivamos com fidelidade os mandamentos da lei de Deus e que, no final dos tempos, possamos estar entre os 144 mil que serão salvos.

O Salmo Responsorial é o 23 (24). O refrão do salmo diz: “É assim a geração dos que procuram o Senhor”, ao Senhor pertencem todos os povos e todas as nações, e compete ao Senhor a salvação. O Senhor não castiga ninguém e quer o bem de todos, peçamos a Ele a salvação e que olhe por toda a humanidade.

A segunda leitura dessa missa é da Primeira Carta de São João (1Jo 3, 1-3), João nos diz que recebemos um grande presente, de sermos chamados de Filhos de Deus. Nós nos tornamos filhos de Deus por meio do nosso batismo. Somos a imagem e semelhança de Jesus Cristo e, no dia do julgamento final, o veremos tal como Ele é. Quando nos encontrarmos com Cristo seremos puros, do mesmo modo que Ele é puro.

O Evangelho deste Domingo é de Mateus (Mt 5, 1 -12a). É o tradicional texto conhecido como as bem-aventuranças, pois o caminho para a santidade é viver as bem-aventuranças. Todo santo é bem-aventurado e nós somos convidados a viver as bem-aventuranças nos dias que passamos aqui na terra, para que ao final dos tempos possamos escutar Jesus dizer para nós: “Vinde benditos de meu Pai”.

Nós vivemos as bem-aventuranças quando amamos o nosso próximo, quando temos paciência com aqueles que nos provocam o mal, quando temos coragem de testemunhar Jesus Cristo em todos os lugares em que estivermos, quando perdoamos e não revidamos o mal com o mal. Bem-aventurados somos nós quando amamos o próximo sem medidas e quando vivemos uma vida reta diante do Senhor. A oração nos ajuda na busca da santidade, tenhamos a prática da vida de oração para que tudo possa dar certo em nossa vida.

Coloquemos Deus como prioridade em nossa vida, deixemos as outras coisas para depois e coloquemos Deus em primeiro plano. Não levaremos nada dessa vida, mas, se formos capazes de amar e servir a Deus aqui na terra, o levaremos em nosso coração. Sejamos pobres de espírito, como nos diz Jesus no Evangelho de hoje; sendo pobres de espírito seremos livres para amar e servir a Deus e aos irmãos.

Celebremos com alegria esta Solenidade de Todos os Santos e peçamos ao Espírito Santo que nos auxilie no caminho para a santidade. Amém.

 

Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

Categorias
Categorias