Charles de Foucauld: ‘profeta do nosso tempo, soube trazer à luz a essencialidade da fé’

Uma missa em ação de graças pela canonização de Charles de Foucauld foi realizada no âmbito da Arquidiocese do Rio de Janeiro, em 16 de maio, presidida pelo arcebispo metropolitano, Cardeal Orani João Tempesta.
Realizada na Casa de Retiro Carit, situada na Estrada do Engenho Velho, na Taquara, a celebração contou com a presença de sacerdotes e consagrados que fazem parte dos grupos de fraternidade inspirados na espiritualidade de Charles de Foucauld. Entre os concelebrantes, o arcebispo emérito de Aracaju (SE), Dom José Palmeira Lessa.

 

Apóstolo da bondade

O Papa Francisco, que canonizou São Charles de Foucauld junto com outros nove beatos no dia 15 de maio, na Praça de São Pedro, também se reuniu em audiência com membros da Associação Família Espiritual Charles de Foucauld, no dia 18 de maio, no Vaticano.

“O novo santo viveu seu ser cristão como um irmão para todos, a começar pelos pequenos. Seu objetivo não era converter outros, mas viver o amor gratuito de Deus, vivendo ‘o apostolado da bondade”’, disse o Papa Francisco.

“Como Igreja, precisamos voltar ao essencial – voltar ao essencial! – não nos perder em tantas coisas secundárias, com o risco de perder de vista a pureza simples do Evangelho”, prosseguiu.

Após expressar sua satisfação em encontrá-los e partilhar com eles a alegria pela canonização do Irmão Charles, o Santo Padre definiu o novo santo como um profeta do nosso tempo, que soube trazer à luz a essencialidade e a universalidade da fé, duas palavras em torno das quais Francisco articulou e desenvolveu seu breve discurso.

A essencialidade, condensando o significado do crer em duas palavras simples, nas quais está tudo: “Iesus – Caritas”, disse o Santo Padre, e, sobretudo, voltando ao espírito das origens, ao espírito de Nazaré.

O Santo Padre fez votos de que também eles, como o Irmão Charles, continuem a imaginar Jesus caminhando no meio povo, que leva adiante pacientemente um trabalho árduo, que vive na cotidianidade de uma família e de uma cidade. “Como o Senhor fica contente por ver que o imitamos no caminho da pequenez, da humildade, da partilha com os pobres!”, enfatizou.

Charles de Foucauld, no silêncio da vida eremita, em adoração e serviço aos irmãos e irmãs, escreveu que “enquanto somos levados a colocar em primeiro lugar as obras, cujos efeitos são visíveis e tangíveis, Deus dá o primeiro lugar ao amor e depois ao sacrifício inspirado pelo amor e à obediência derivada do amor”.

Em seguida, o Papa Francisco destacou a universalidade. “O novo Santo viveu seu ser cristão como um irmão para todos, a começar pelos pequenos. Seu objetivo não era converter outros, mas viver o amor gratuito de Deus, vivendo ‘o apostolado da bondade”’.

Assim ele escreveu – prosseguiu o Pontífice: “Quero acostumar todos os habitantes cristãos, muçulmanos, judeus e idólatras a considerar-me como seu irmão, o irmão universal”. E para fazer isso, observou o Papa, ele abriu as portas de sua casa para que ela pudesse ser “um porto” para todos, “o teto do Bom Pastor”.

Francisco agradeceu os presentes por levarem adiante este testemunho, que faz muito bem, “especialmente em um tempo em que há o risco de fechar-se nos particularismos, de aumentar a distância, de perder de vista o irmão. Infelizmente, vemos isso nas notícias de todos os dias”, frisou.

 

Testemunho do Papa

E também eu gostaria de agradecer a São Charles de Foucauld porque sua espiritualidade me fez muito bem quando eu estudava teologia, um tempo de amadurecimento e também de crise, e que me chegou através do padre Paoli e dos livros de Boignot que li constantemente, e me ajudou muito a superar crises e a encontrar uma forma de vida cristã mais simples, menos pelagiana, mais próxima do Senhor. Agradeço ao santo e dou testemunho disso, porque me fez muito bem.

 

Da Redação

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