Na manhã do dia 27 de junho, véspera da Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, a Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro celebrou o Jubileu dos Sacerdotes no Dia Mundial de Oração pela Santificação do Clero, com uma programação especial realizada na Basílica Santuário de Nossa Senhora da Penha, na Zona Norte da cidade.
Em comunhão com o arcebispo metropolitano, Cardeal Orani João Tempesta, o encontro reuniu os bispos auxiliares e sacerdotes para um momento de oração, espiritualidade, fraternidade e renovação sacerdotal.
A programação teve início com a Hora Média e adoração ao Santíssimo Sacramento, presidida por Dom Roque Costa Souza, bispo auxiliar da arquidiocese. Em seguida, os padres participaram de uma palestra com o tema: “Padre, ministro de esperança”, ministrada pelo padre Antonio José Afonso da Costa, pároco da Paróquia Nossa Senhora de Fátima Rainha de Todos os Santos, no bairro de Todos os Santos. Após as confissões, os sacerdotes participaram da Santa Missa presidida por Dom Orani e, na conclusão, um momento de confraternização entre os participantes.
Instituído por São João Paulo II, esse dia convida o povo de Deus a rezar de modo particular por todos os padres, para que, configurados ao Coração de Jesus, vivam com fidelidade, alegria e zelo o ministério que lhes foi confiado.
Segue abaixo, na íntegra, a homilia de Dom Orani:
“Já é tradição em nossa arquidiocese, na quinta-feira que precede a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, neste ano, no dia 27 de junho, o dia em que os padres rezam pela sua própria santificação. Na sexta-feira do Sagrado Coração de Jesus, todo o povo é convidado a rezar pela santificação dos seus padres. Uma tradição que o Papa São João Paulo II consagrou e fez da festa do Sagrado Coração de Jesus o dia de rezar pela santificação do clero.
Neste Ano Santo, nós acrescentamos, nesse dia em que nos reunimos para reflexão, confissão, celebração e confraternização no Santuário da Penha, também a peregrinação do Jubileu dos Sacerdotes. Neste mesmo dia – 26 de junho –, em Roma, acontece também o Jubileu dos Sacerdotes. Neste mesmo mês, o Jubileu dos Seminaristas e o Jubileu dos Bispos. Em nosso Regional Leste 1 da CNBB, o Jubileu dos Bispos acontecerá no dia 30 de junho, no Santuário da Mãe Peregrina, em Vargem Pequena.
Nesse dia, estamos realizando nossa peregrinação em uma igreja jubilar, nesse complexo da Basílica Santuário de Nossa Senhora da Penha, para que pudéssemos também lucrar as indulgências desse tempo do jubileu. Ao mesmo tempo, um momento especial de reavivamento da nossa vida sacerdotal.
Padre Antônio José, na sua reflexão, lembrou das palavras do Papa Leão XIV, que há um mundo e uma Igreja feridos, que vão anunciar a vida e a esperança. Nós temos esperança de que realmente esse tempo possa nos reavivar a todos nós e nos colocar ainda mais renovados e retemperados em nossa vida, para sermos presença em toda a nossa comunidade, não só em nossa paróquia, em nossa forania, em nosso vicariato, mas em toda a cidade.
Eu penso sempre em cada um de vocês, os que estão aqui e aqueles que não puderam vir, que passam os dias diante de tantas situações difíceis, violências, problemas dos mais diversos, além dos pessoais, que muitas vezes incomodam e levam a tantas situações difíceis também, e que é necessário que nós possamos estar juntos. Esse ‘caminhar juntos’ é próprio de uma caminhada sinodal, dentro de uma realidade tão diversificada como a nossa. Supõe que nós sejamos unidos em nossas foranias, nossos grupos menores, para nos reabastecer da espiritualidade da vida e, de quando em quando, termos alguns momentos unidos.
Algumas vezes temos celebrações na Catedral Metropolitana, com a participação de grande parte dos padres e também dos diáconos, mas este dia de hoje é um dia especial. Além de rezarmos pela nossa própria santificação — e nós sabemos que essa é nossa vocação primordial, justamente a nossa vocação à santidade, como recorda claramente a constituição apostólica *Lumen Gentium* —, nós somos chamados nessa vocação universal à santidade, que é para todo o povo, mas o é também para cada um de nós; de aproveitarmos o tempo do jubileu – Peregrinos de Esperança –, para ser o tempo de reavivamento da nossa vida.
No Antigo Testamento, a cada sete vezes sete anos se proclamava o jubileu, que tem todo o seu significado. A cada sete dias, o Dia do Senhor, o dia do descanso; a cada sete anos, o ano sabático; a cada sete vezes sete anos, o jubileu, quando, segundo aquilo que é colocado no Antigo Testamento, pelo menos idealmente, tudo voltava aos inícios, recomeçava, retomava-se com renovado ardor para os próximos cinquenta anos.
A Igreja, modernamente, quando retomou o tempo do jubileu, começou com vários tempos de contagem, mas agora se finalizou com cada 25 anos, para que as gerações pudessem, a cada 25 anos, ter esse tempo de graças especiais, de renovação, de reavivamento.
Hoje é um dia especial para os padres de nossa Arquidiocese do Rio de Janeiro. Além de rezarmos e estarmos às vésperas da Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, quando todo o povo é também chamado a rezar pela santidade dos seus padres, nós entramos aqui, neste santuário, neste complexo da Basílica Santuário de Nossa Senhora da Penha, para também pedir ao Senhor que seja um tempo de reavivamento da nossa vida, uma retomada de todo entusiasmo desde os inícios da nossa caminhada, mas com a experiência toda que fomos adquirindo através da história.
E, muitas vezes, nessa nossa caminhada pela história e pela cidade, vamos deixando alguns comportamentos e algumas experiências, sem valorizar aquilo para o que o Senhor nos chamou, para que nós possamos, nesta cidade, com toda a sua realidade, em todas as nossas paróquias, ser sinais dessa esperança que é o Senhor Jesus Cristo. Proclamar o ano da graça do Senhor, deixar que o Espírito de Deus possa fecundar nossos corações, renovar nossas vidas, reavivar nossa vida, nossa vocação e nosso chamado.
Essa é a nossa intenção, juntamente com a oração pela santidade dos nossos sacerdotes. Também precisamos estar reavivados no meio de tantas questões, problemas, dificuldades que aparecem a cada momento. Nós somos contaminados por aquilo que acontece no mundo de diversas formas, com as inseguranças, dificuldades e violências do mundo. Nós precisamos de momentos assim: litúrgicos, de oração, de reflexão, para que possamos reavivar tudo aquilo de bom e de belo que o Senhor colocou em nossa vida, que um dia nos levou a sair de nossas famílias, nossas casas, a entrar e dar passos no seminário, para depois sermos ordenados sacerdotes para o serviço do povo de Deus, para a santificação do povo de Deus.
Mas, para que possamos fazer, supõe-se que sejamos os primeiros a estarmos reanimados, reavivados nessa nossa caminhada de santidade, nesse chamado que é um dom do Senhor. E, ao mesmo tempo, olhando as realidades todas, que fomos sendo marcados pela história, pelos passos dados, podemos aproveitar esse dia, em que tantas graças são derramadas.
Não só as indulgências que são próprias do tempo do jubileu, mas também dons especiais que Deus derrama no coração de cada um daqueles que estão aqui hoje, fazendo esse tempo de caminhada, tempo de vir aqui, para justamente caminhar no Senhor, fazer essa peregrinação, bem no comecinho do penhasco da Penha, para pedir ao Senhor: reaviva em nós os dons, a graça, aquilo que nos levou a dar passos importantes em nossa vida — seja para aqueles mais antigos como para os mais novos — sempre é tempo de recomeçar, retomar, recolocar nossa vida.
Com a celebração penitencial, com a oração, reflexão, Eucaristia e as indulgências, dizemos assim: “Senhor, eis que tudo se faz novo e nós, que o Senhor quer fazer-nos cada vez mais novos, renovados, reavivados.”
Aproveitemos, portanto, esse belo momento, e que isso possa se refletir em nossa vida, em nossa missão, em nosso trabalho junto a nossos irmãos e irmãs, e que possamos exalar o perfume do Senhor por onde passarmos, no meio de tantas dificuldades da cidade, da paróquia, de nossa comunidade e de nós mesmos. Possamos fazer essa experiência de que o Senhor vai nos tornando cada vez mais homens que levem adiante essa importante missão da santificação do povo de Deus, mas que sejam os primeiros a encontrar-se com o Senhor, a ter seu rosto iluminado, sua vida iluminada pelo encontro com o Senhor.
Que, realmente, este encontro nos ajude a isso cada vez mais, e que ninguém se sinta sozinho nos seus trabalhos, mas que o Espírito Santo, que está ali presente, ilumine, conduza, e também que os padres, ao redor daquela forania, se reúnam para estar juntos nessa nossa caminhada, e que este ano não passe sem que nós façamos essa experiência.
Hoje é o dia que foi escolhido para, no dia da santificação dos padres, vivermos nosso jubileu, o Jubileu da Esperança, para que o Senhor possa reconduzir cada vez mais à experiência inicial do encontro com Ele, com as experiências todas da nossa vida e, renovados e avivados, testemunhar que Jesus Cristo vive. Nós O encontramos. Ele está no meio de nós e nós O anunciamos com alegria, com testemunho e com a palavra. Amém.”
Carlos Moioli